O jantar estava posto, as mais diversas iguarias se estendia por um tecido dourado sobre uma mesa de madeira, longa e estreita. O ambiente estava pouco iluminado, apenas com alguns candelabros com velas que cheiravam a macadâmia no meio da mesa, mas que pouco iluminava quem estava na outra extremidade; uma figura feminina envolta de uma capa de tom cinza com manchas escuras que subiam de suas pontas, do meu lugar, o que dava para ver de seu rosto pálido encoberto pela penumbra era apenas seus lábios com um tom rubro muito escuro. Sua face não esboçava expressão e o seu prato estava vazio, toda comida estava fora de seu alcance e, ao fundo daquela imagem, podia-se ver grandes janelas que do lado de fora parecia arder em fogo e as chamas laranjas iluminavam o parapeito da abertura. Olho para o meu prato e ele está cheio de comidas exóticas, de terras onde magia pulsa sobre o solo, de planícies e montanhas frias e selvagens, de outros onde o sol impera sobre a vastidão de dunas, tudo ao meu alcance, e a figura? imovel, escondida na sombra de seu capuz. Começo a me servir do que tenho a disposição, cravando garfos e facas trago as iguarias a mim, era o banquete mais bonito que já havia visto, tudo parecia saboroso e levantava um aroma hipnotizante, irresistível. Quando coloquei o garfo na minha boca, o que eu imaginava ser um peixe frito com óleos e legumes em sua volta, tinha o gosto mais horrível que já havia experimentado, era amargo e podre, tudo em mim dizia para pô-lo para fora. Quando reparo para ver adiante, o banquete estava apodrecendo; as velas já não tinham mais cheiro agradável mas davam o lugar a uma cera rançosa de porco, as moscas pairavam sobre aquilo e larvas se contorciam na putrefação. A figura encapuzada lentamente forma um sorriso em seu rosto pálido e de repente ouço sussurros vindo por trás da minha cadeira, empurro ela e olho ao fundo, procuro algo, alguém, mas não havia nada, nada além do escuro, o sabor amargo em minha boca se intensifica e começo a tossir me sento de novo procurando me recompor, olho para frente e ela sumiu, agora, risadas vinham de todos os lugares. Em um rápido movimento, mãos surgem saindo do breu atrás de mim, duas segurando meus braços e outro par agarra minha cabeça deixando apenas meus olhos descobertos, me debato em desespero, tudo que percebo que a pele delas era fria como mármore e tão pálida como a da figura, com uma faca afiada ela corta o ar, e também a carne da minha garganta, a figura aparece sobre a minha cabeça ainda rindo, da pupila de seus olhos profundos emanava uma uma luz carmesim, sus cabelos negros caem sobre meu rosto mas seu expressão ainda é indecifrável, começo a tossir, soluçar e me afogar no meu próprio sangue e ainda preso por aquelas mãos frias…
Finalmente acordo respirando agressivamente e assustado em meu quarto escuro, iluminado apenas pelo luar, que entrava pela janela aberta junto com o vento seco da capital. Meu corpo estava frio e banhado em suor, Beatrice, meu corvo, me olha com curiosidade sob a cabeceira de madeira de minha cama. Depois disso passei a noite em claro, esse pesadelo me atormentou, depois de um tempo absorto em pensamentos, por alguns segundos, imaginei que a figura estava no canto da sala me observando, escondida nas sombras, me analisando, mas rapidamente essa imagem ela se desfez em minha cabeça, não sei dizer se era imaginação ou se ela realmente estava lá, espreitando. Levanto e caminho pelo chão frio de meu quarto, chego ao parapeito e observo a grande cidade em sua majestosa imponência banhada pela lua pálida. Pensei ter contido as mazelas que rastejam na escuridão dessa terra, tramas de linhas tão finas quanto uma respiração, mas talvez essa doença ainda se prolifera onde minhas ações não alcançam nem mesmo os sussurros.
Nota do autor:
Esse conto é baseado em dois personagens do jogo League of Legends, é um dos primeiros que escrevi, espero que gostem.☀️
Ps: Desculpa qualquer erro de gramática
Ficou muito bom esse texto cara, parabéns!