O Lamento do Andarilho da Floresta
No coração de uma floresta esquecida, onde sussurros de árvores antigas carregavam segredos de tempos incalculáveis, surgiu uma lenda - o conto do Andarilho da Floresta ou para os mais antigos, o conto de Bagan. Dizia-se que essa criatura era uma manifestação da própria natureza, uma guardiã do equilíbrio entre a vida e a morte, a quem foi confiada a tarefa de restaurar a própria essência das terras que percorreu.
Bagan era diferente de qualquer outro ser. Nasceu da convergência de uma estrela cadente, de uma pétala beijada pelo orvalho e do primeiro sopro da madrugada. Sua aparência era uma intrincada mistura de flora e fauna – olhos como esmeraldas luminosas, uma juba tecida de vinhas e flores e um corpo que fluía perfeitamente de uma forma para outra. Graciosos chifres adornavam sua cabeça, carregando o peso de uma coroa feita de galhos entrelaçados.
Desde o seu nascimento, Bagan embarcou numa viagem solitária, impelido por um desejo inato de encontrar um lugar de descanso eterno. A cada passo que dava, flores brotavam da terra, folhas se desenrolam e a vida reavivou-se após sua passagem. As terras que tocou transformaram-se em paisagens vibrantes, repletas de cores e fragrâncias cuja existência de vitalidade e renascimento.
As lendas sussurravam que o toque do Andarilho não era apenas uma bênção, mas um profundo compromisso com a própria terra. Ao percorrer prados, escalar montanhas imponentes e nadar em lagos cristalinos, ele imbui a própria essência de seu ser no solo. Onde quer que descansasse, seu corpo se dissolve em pétalas, folhas e raízes, tornando-se um com a terra que havia enfeitado.
As pessoas que tiveram vislumbres de Bagan descreveram uma sensação de admiração e tranquilidade tomando-as de conta. Aqueles que sentiram o peso da tristeza ou a passagem do tempo encontraram consolo em sua presença. Acreditava-se que a criatura possuía a capacidade de extrair a dor dos cansados e infundir-lhes o espírito do mundo natural, curando feridas que não podiam ser vistas.
No entanto, apesar da sua beleza e dos milagres que realizou, o Andarilho carregava um fardo. Ele vagou na solidão, nunca conseguindo encontrar um lugar onde pudesse descansar permanentemente. Cada vez que partia, a terra que deixava para trás florescia por um tempo, apenas para desaparecer gradualmente à medida que a memória do seu toque diminuía.
A determinação inabalável do Andarilho em descobrir o local de descanso perfeito levou-o a uma odisseia sem fim. No entanto, na sua busca incansável, parecia ignorar uma verdade profunda – que a própria essência da perfeição estava nas terras que já tocava. A busca da criatura cegou-a para o fato de que o santuário ideal não era um destino distante, mas sim o próprio ambiente que agraciou com a sua presença. Na busca por um sonho ilusório, o Andarilho inadvertidamente perdeu a beleza da jornada em si, deixando de reconhecer que seu descanso eterno foi encontrado em cada passo, cada transformação e cada momento de conexão que ele proporcionou ao mundo.
As gerações se passaram, e a lenda permanece viva, uma história contada em torno de fogueiras e compartilhada em voz baixa. O Andarilho da Floresta continua sua eterna busca e o seu eterno lamento.
A busca incansável do Viajante pelo descanso eterno é paralela à nossa própria busca pela realização. A história de Bagan é um lembrete de que nossa jornada não envolve apenas conquistas pessoais, mas também a marca que deixamos no mundo.
Eu amei!!!!❤️